Este vírus têm sido uma espécie de livro de motivação, senão vejamos o que ele já fez comigo:

- Criei rotinas, após umas 2 semanas de procrastinação, quando percebi que isto estava para durar, fui-me um pouco abaixo, mas por saber isso mesmo, tive que me obrigar a lutar e tenho conseguido coisas que andei dois anos a tentar.

- Comecei a levantar-me muito mais cedo, estilo 6 da manhã, e faço todo um ritual, incluindo 20 minutos de meditação com os primeiros raios de sol.

- Por volta das 9:00 da manhã já fiz imensas tarefas, tenho muito mais energia durante  dia e sou muito mais produtiva. E, eu era uma pessoa que dizia que jamais me conseguiria levantar a tais horas, pois considerava-me nótivaga.

- Aprendi a ver, sim a ver. A contemplar cada pormenor, coisas que nem reparava, mas que estavam aqui em casa junto a mim. Como o desabrochar de um botão de uma flor.

- Faço refeições deliciosas, mesmo que sejam só para mim. Acho que se isto continua, ainda acabo como a Lili Caneças, e visto uma roupa toda XPTO, coloco uma mesa linda e depois num prato da minha melhor baixela(estou a brincar, nem tenho) umas Lulas recheadas com arroz.

- Aprendi a importância da falta de contacto humano, tenho saudades de abraçar o meu pai, e o pior é que não me lembro do ultimo abraço que lhe dê. Mas não posso, porque ele é de extremo risco. Tem todas as doenças das pessoas consideradas de risco, podia só ter uma, mas como ele é o máximo, tem todas. Amo-te muito pai. És uma uma força da natureza, ainda te vou dedicar um post, porque tu mereces.

- Aprendi vários significados: Resiliência, Adaptação, Paciência, Criatividade, etc

- Aprendi a gostar mais de mim, afinal de contas tenho que conviver comigo diariamente.

- Aprendi o fenómeno do Teletrabalho e também estou a tentar que resulte, apesar de ser um negócio e portanto neste momento, só há uma maneira de o trabalhar: através das redes sociais.

- Tenho que apreender coisas novas todos dias, pois como percebi que o meu negócio daqui para a frente só funciona através das redes sociais, ando a absorver tudo o que posso, a seguir perfis, dicas de como se constrói algo do zero, e espero a partir de Maio iniciar uma nova revolução no Instagram, que só usava para fins lúdicos, e que para usar para fins profissionais, tem muito que se lhe diga.

Bem este post já vai longo...Vou aqui deixando noticias das minhas novas aprendizagens.

E vocês já aprenderam alguma coisa? Contem-me tudo.

Aprendi que um estendal não tem que necessariamente ser só para estender roupa, e que talvez esteja a ter comportamentos infantis, mas não sei.

Foto: Varanda da Loucura

Como disse num post anterior não me vou mais atormentar com que poderá vir, pois se o continuar a fazer perco a minha sanidade mental. Sofro por mim, mas acho que ainda mais pelos outros. 

E se dei o titulo a este blog de Diário "anti cancro", por isso, não posso viver, nem alimentar o negativismo.

Hoje venho falar de duas amigas muito especiais e da minha psicóloga, pois tiveram uma enorme importância para me tirarem da minha ex espiral depressiva.

A Susana, que já aqui falei, também é minha colega desta luta, mas como eu, nunca gostou muito de falar desta doença, e ela manteve-se firme e não se deixou contagiar pelo tema à volta do cancro. Também passou muito menos tempo no IPO, só lá ia fazer os tratamentos e dormir e não era todos os dias, e penso que isso fez toda a diferença.

Esta amiga é de facto uma pessoa que me conhece muito bem, apesar de a nossa amizade ser recente.

Ela só diz: Minha princesa estou a caminho...

E eu digo: A caminho de onde? 

E ela: da tua casa, por isso arranja-te, que dentro de uma hora e meia estou aí

E eu sem reagir, assim fiz, arranjei-me 

Ela não perguntou o que eu precisava, ele fez aquilo que me fazia falta, sem eu pedir. Até porque não iria pedir. 

E assim passámos um dia maravilhoso junto ao mar, passeamos no Parque e por fim jantámos calmamente, até não existir mais ninguém restaurante. Só nos apercebemos quando vimos que o empregado já estava desfardado e tudo. Mas ele sempre muito simpático, deixo-nos estar perfeitamente à vontade. Nós é que lhe pedimos desculpa, pois ele estava ali só por nossa causa e já era quase meia noite.

Por outro lado, tenho a L., a minha amiga de longa data, mas também está a mais de uma hora de caminho, ela diverte-me imenso com os seus telefonemas. Mesmo nos piores dias consegue-me arrancar uma gargalhada. É uma verdadeira doida, mas no bom sentido. No passado vivemos histórias hilariantes juntas, agora que voltei a "viver", vivemos histórias também hilariantes, mas separadas e depois partilhamos as nossas aventuras diárias. Histórias que não vou aqui contar. Afinal isto é um diário sério. RISO

Por fim a minha querida psicóloga que me deu as ferramentas para voltar a "viver". Pequenos passos para grandes objectivos.

Às três devo muito, pois têm sabido gerir a minha quase perca de vontade de viver. 

Mas desenganem-se que se não houver esforço da nossa parte não há amigas que ajudem. Mas podem ser uma grande alavanca, até porque tenho que lhes agradecer de alguma forma o seu esforço em me ajudar.

E descobri que essa forma, tem que ser também o meu esforço.

Estas cadeiras estão à nossa espera minhas queridas. Afinal todas merecemos.

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